Avintes Séc. XXI, uma terra com futuro!

Introdução

 

A comunicação que vou apresentar neste 23ª Fórum Avintense, procurando ir ao encontro do tema principal deste ano, “Avintes e a nova Reforma Administrativa – Desafios para o Futuro”, versa sobre um tema que tem sido já anteriormente abordado nas minhas comunicações, já que quase sempre, procuro apresentar comunicações voltadas para o futuro e hoje, aqui venho novamente falar do presente e do futuro da nossa terra.

 

Debater o presente e o futuro de Avintes e dos avintenses, não só como cidadão, mas também como autarca, são assuntos de interesse para mim, mas também de preocupação, face aos problemas que afetam a sociedade portuguesa atual, a que Avintes não fica naturalmente alheia.

 

Por isso e não deixando de reconhecer que conhecer o passado é importante, e muitas vezes é por não o conhecermos devidamente, que repetimos vezes sem conta os mesmos erros, considero fundamental, a partir do conhecimento de um passado rico e com vários motivos de orgulho que Avintes possui, dar o meu contributo, também através das minhas comunicações do Fórum Avintense, para a construção de um futuro ainda melhor para a nossa terra.

 

Neste sentido, quero partilhar um pouco com todos vós, algumas das minhas ideias, que procuram a valorização daquilo que nos pode distinguir de outros, do aproveitamento do que sabemos fazer melhor e do desenvolvimento das nossas potencialidades naturais ou construídas.

 

Passemos então à minha comunicação.

 

 

Avintes Sec. XXI, uma terra com futuro!

 

 

A reforma administrativa levada a cabo no ano passado e que poderia ter sido uma oportunidade para uma efetiva reorganização administrativa do estado, foi infelizmente, na minha opinião, mais uma oportunidade perdida.

 

Começando e acabando nas freguesias, a reforma deixou de fora, desde logo os municípios e nem refletiu sobre as Regiões Administrativas.

 

Felizmente que em Gaia, o mal foi, dentro dos limites possíveis, minorado, fruto de vários entendimentos políticos e também de algumas tomadas de posição da sociedade civil e concretamente no que diz respeito a Avintes, foi possível continuarmos com a nossa integridade territorial e administrativa ao nível de Junta de Freguesia.

 

No entanto lamento que esta nova lei, no que diz respeito ao reforço de competências para as freguesias, tenha deixado praticamente tudo na mesma, continuando as freguesias, totalmente dependentes do poder instalado nas Câmaras Municipais.

 

Dai que não seja fácil a uma freguesia como Avintes, conseguir o desenvolvimento que nós avintenses gostaríamos e a que temos direito.

 

Mas não se pode desistir, há que continuar a reivindicar o nosso desenvolvimento, e continuar a defender a nossa cultura, as nossas tradições e a nossa gente, pois só assim mereceremos o respeito e a atenção dos outros, e só assim seremos uma terra com futuro.

 

E nada melhor para a defesa do futuro da nossa freguesia, do que valorizarmos aquilo que temos e somos capazes de saber fazer bem.

 

Vou assim apresentar, conforme o tema do fórum deste ano, 5 desafios ou ideias, para o futuro de Avintes.

 

OS JOVENS:

Se pretendo deixar-vos algumas das minhas ideias para o futuro de Avintes, nada melhor que começar por falar dos jovens, pois por muito que queiramos dar o nosso contributo para termos uma terra mais desenvolvida e mais próspera, se não ouvirmos os jovens, se não procuramos compreender os seus anseios e dificuldades, se não os aceitarmos tal qual eles são, se não apoiarmos as suas iniciativas, mas também se não conseguirmos trazê-los para estas, ficarão algo diminuídos, na minha opinião, os nossos debates sobre o futuro de Avintes.

 

E em Avintes temos jovens de valor, jovens que no jornalismo, no teatro, no cinema, na música, no desporto, no associativismo, mas também no empreendedorismo e nas mais variadas atividades profissionais, vêm mostrando as suas capacidades e afirmando-se num mundo cada vez mais competitivo.

 

Estou por isso convencido que não será por falta de “massa cinzenta”, que a nossa terra não se desenvolverá neste seculo XXI e se no passado tivemos homens e mulheres que deixaram as suas marcas no desenvolvimento de Avintes, seguramente teremos também no futuro quem saberá fazer a diferença.

 

A GASTRONOMIA:

A Broa de Avintes é um produto gastronómico com qualidade, fabricada ainda com recurso a alguns métodos artesanais, bastante apreciada e já muito conhecida, no entanto, parece-me que pode ser ainda mais divulgada e explorada comercialmente.

 

Do mesmo modo, o doce “Velhotes”, cada vez mais apreciado e solicitado aquando da realização da Festa da Broa, é outro produto que poderia, a par da broa, ser mais potenciado e comercializado.

 

Caberá fundamentalmente aos fabricantes e à Confraria da Broa, mas também aos nossos autarcas, analisar e debater o que será preciso fazer para o desenvolvimento e crescimento comercial destas iguarias avintenses, mas deixo desde já aqui uma sugestão.

 

Porque não aproveitar, para promover e vender Broa de Avintes e “Velhotes”, as diversas “feiras medievais” que se realizam, principalmente na época da Primavera/Verão, em vários cidades e vilas portuguesas?

Parece-me que a nossa broa enquadra-se perfeitamente nestes ambientes e é habitual ver-se, a promoverem-se e venderem-se artigos gastronómicos de vários pontos do nosso país, mas nunca vi a vender uma Broa de Avintes ou um “Velhote”!

 

Não seria um “mercado” a explorar, não só para aumentar a comercialização, mas também como promoção destas nossas iguarias?

 

O TEATRO E A CULTURA:

Como está perfeitamente documentado, somos uma terra onde há mais de um século existem grupos organizados a fazerem teatro, fomos, principalmente nos anos sessenta e setenta do século passado, considerados a “capital do teatro amador em Portugal” e continuamos hoje a ter coletividades a fazerem teatro do melhor que há, e a continuarem a ganhar prémios nacionais e internacionais.

Ainda, na área cultural, temos igualmente uma das melhores bandas musicais, pelo menos do norte de Portugal e temos jovens, e não só, a declamar poesia, a realizarem trabalhos nas artes gráficas, ou mesmo na pintura e escultura.

 

Então porque não tentarmos criar aqui uma escola ou academia de artes, preferencialmente virada para as artes do espetáculo, onde os nossos jovens e também naturalmente jovens de outras localidades, pudessem aperfeiçoar as suas capacidades?

 

Parece utópico? Talvez, mas existem outras localidades, aqui mesmo no nosso concelho, onde essas academias nasceram e se desenvolveram.

 

Será que numa parceria entre as nossas coletividades, que têm atividades nestas áreas culturais, e aproveitando o facto de termos jovens licenciados em Avintes também nestas áreas, não seria possível caminharmos também neste sentido?

 

O TURISMO AMBIENTAL OU DA NATUREZA:

Temos “entre muros” dois empreendimentos de primeira linha, nesta área, o Parque Biológico e o Zoo Santo Inácio.

 

Temos igualmente toda a encosta do Douro, onde existem quintas e casas, umas habitadas, outras não, que estou em crer em determinadas condições poderiam ser aproveitadas para turismo de habitação.

 

Temos igualmente a zona do Esteiro, a frente de rio até Espinhaço e o seu moderno cais acostável e ainda o vale do Febros, onde existem vários moinhos, infelizmente na maioria abandonados e destruídos.

 

Será que todo este património, nuns casos natural e noutros construído, não poderá ser melhor aproveitado?

 

Com o incremento, cada vez maior da navegabilidade e do aproveitamento turístico do rio Douro, será preciso que Avintes se volte a virar mais para o rio, onde acredito, pode estar de novo no futuro, como já o foi no passado, uma fonte de rendimento e um modo vida para alguns avintenses.

 

OS EDIFíCIOS INDUSTRIAIS:

Para terminar gostava de vos falar dos edifícios de algumas unidades fabris que existiram em Avintes, principalmente na indústria do calçado e que hoje estão completamente desaproveitados e abandonados e em alguns casos já bastante vandalizados e destruídos.

 

Alguns, já não terão outro destino que não seja serem totalmente arrasados, quer pela zona onde foram construídos (por vezes de difícil acessibilidade), quer porque não têm qualidade de construção, quer ainda por estarem já em ruínas.

 

Mas, os que estão ainda em boas condições, será que não haverá como os reaproveitar?

 

Naturalmente que estamos numa fase difícil em termos económicos, e todos estes edifícios são propriedade particular, mas provavelmente, já não para a indústria do calçado, pelo menos nos moldes em que existiu no passado aqui em Avintes, mas para outras atividades económicas, de preferência não poluentes, não será possível servirem de espaços para se instalarem, o que hoje se designa de “incubadoras de empresas”, ou seja, um espaço partilhado por várias micro-empresas, normalmente criadas por jovens, que estão a iniciar a sua atividade, e que partilham determinados serviços entre si.

 

Mais uma vez, não será um assunto de fácil implementação, mas estou convencido que os nossos jovens, vê-lo-iam com bons olhos, dadas as dificuldades que hoje existem para eles conseguirem trabalho.

 

 

Perfeitamente consciente de que algumas das ideias aqui deixadas, não serão facilmente implementadas no imediato, mas convencido que é lançando sementes à terra que se podem colher os frutos, termino como comecei, acreditando que precisamos de trazer mais gente jovem para o debate dos problemas de Avintes, pois o nosso futuro, o futuro da nossa terra, será o presente deles e serão eles os maiores beneficiários, para o bem e para o mal, daquilo que hoje projetarmos e daquilo que hoje construirmos.

 

 

Avintes, 22 de Março de 2013                                               Cipriano Castro

publicado por Cip Castro às 00:38 | comentar | favorito