A primeira reunião pública do novo Executivo

 

Foi com espírito de cidadania, mas também com expectativa, sobre o que lá se iria passar que decidi assistir e participar na primeira reunião pública do novo Executivo da Junta de Freguesia de Avintes, que se realizou na passada 4ª feira, dia 18 de Novembro, pelas 21h30, no Salão Nobre da Sede da Autarquia.
 
E posso dizer que não saí defraudado, embora tenha saído preocupado!
 
A reunião foi relativamente participada por cidadãos avintenses, embora todos os participantes (excepção para a minha pessoa e para o meu amigo Abílio Machado), fossem membros ou apoiantes da Coligação PSD/CDS que agora está no poder em Avintes.
 
O Executivo cumpriu integralmente o que diz a legislação (situação que devo confessar, não acontecia nos executivos anteriores) realizando publicamente, do princípio ao fim, a reunião.
 
Já agora que alguns me acusam de ser “mauzinho” neste blog e de fazer criticas injustas, vou deixar mais um motivo para me continuarem a criticar, será que se soubessem que eu aparecia na reunião, a teriam feito desta forma totalmente pública?
 
Estejam descansados, eu não sou exactamente como alguns pensam, e estou perfeitamente convencido que a reunião foi totalmente pública e continuará a sê-lo independentemente de quem apareça (contem comigo de vez em quando), e felicito, como o fiz na altura, o Executivo, por ter tomada esta decisão.
 
Mas o motivo que me fez estar presente na primeira reunião pública, para além de querer saudar o novo Executivo (onde está a alegria e a exuberância, para não dizer alguma irreverência da Isabel Coimbra, tão caladinha e amuada durante a reunião, ou o sempre atento e interventivo nas anteriores Assembleias de Freguesia, o Tesoureiro António Vieira, que me pareceu que ainda nem lhe deixaram olhar para as “contas”) e felicitar o Dr. Nuno Oliveira por ter optado pela Vila de Avintes em detrimento do Parque Biológico, ao ter pedido no passado dia 30 de Outubro, um dia antes da tomada de posse, a exoneração do cargo de Presidente Executivo do Conselho de Administração do Parque Biológico (afinal era verdade o que disse o PS de que os dois cargos eram incompatíveis), mas dizia eu, que o que me levou à reunião, foi pretender saber o que vai a Câmara Municipal fazer na zona da Gândara (também designada por centro cívico de Avintes), uma vez que as obras já se iniciaram.
 
Lembro aqui que o início desta primeira obra é também o primeiro incumprimento (começamos mal!) do programa da coligação, uma vez que, de acordo com os 15 compromissos para os primeiros 90 dias (entregue aos avintenses durante a campanha eleitoral), a coligação tinha-se comprometido a “Colocar à discussão pública um estudo para o novo centro cívico de Avintes”.
 
Ora a resposta que recebi da parte do Sr. Presidente da Junta foi a minha primeira preocupação, e sabem porquê?
 
É que para além do Dr. Nuno Oliveira, nenhum dos outros membros do Executivo sabia o que se estava lá a fazer e mesmo o Dr. Nuno Oliveira pouco ou nada sabe, segundo palavras do próprio, “as obras começaram, porque o Dr. Menezes quis mostrar aos Avintenses que com a nova Junta as obras começariam de imediato, mas não há qualquer projecto, estamos ainda a ver o que se vai poder lá fazer”!
 
Ou seja, não cumpriram com a promessa de ouvir primeiro os Avintenses, como ainda não sabem o que lá vão fazer!
 
Será que a “Padeira” irá para o centro da rotunda? (até não me parece mal)
Será que o “Atleta” vai ser apeado e o que mais será feito ao monumento da autoria do saudoso Pereira da Silva? (fiquei com receio do que possam fazer ao “Atleta”)
Será que os táxi vão para o Palheirinho, ou ficam na Praça Escultor Henrique Moreira?
E os bancos de pedra no Palheirinho, serão mantidos, permitindo a feira da agricultura biológica, aos sábados de manhã?
E o estacionamento automóvel na zona, será mantido?
Etc., etc., etc..
Responda quem souber, mas pelo que ouvi e vi, ninguém ainda sabe (nem mesmo dentro da cabeça do Sr. Presidente da Junta), mas as obras já começaram!
 
A segunda preocupação, ou melhor dizendo, neste caso é mesmo medo, é que se esteja a cometer, ainda que admita possa ser involuntariamente, um crime de lesa-património do património da Freguesia de Avintes.
 
Na verdade foi aprovado por unanimidade uma proposta do Sr. Presidente da Junta (lembrem-se do que escrevi) para entregar os cerca de 700 livros (alguns com mais de 200 anos), património valiosíssimo da Freguesia de Avintes, na Biblioteca Municipal de Gaia, sobre o pretexto de que lá estarão melhor protegidos e preservados, e tendo como contrapartida a Biblioteca de Gaia oferecer novos livros para a Biblioteca Pública da Junta de Avintes!
 
Queria aqui abrir um parêntesis para vos dizer que enquanto vogal do Executivo anterior, fiz várias diligências, inclusive reunindo com a Dr.ª Cristina Margaride, directora da Biblioteca de Gaia, a quem fui pedir ajuda, para que se fizesse algum tratamento a estes livros, o que infelizmente, apesar das promessas desta senhora directora, nunca aconteceu.
Será que o objectivo era nada se fazer, para que agora se justifique levarem (para não usar palavra mais feia) estes livros aos avintenses? Não quero acreditar!
 
Não duvido de que a Biblioteca de Gaia tenha óptimas condições para guardar livros antigos, mas pergunto eu, por este princípio porque não se mandam para um museu de arte sacra ou arte antiga (ainda no fim de semana passado estive em Guimarães a visitar o Museu Alberto Sampaio, onde existe um valioso património de obras religiosas) o também valioso património de Santos, existente na Igreja Paroquial de Avintes (e punham-se lá umas réplicas para avintense ver), ou porque não se retira do local onde foi edificada a Pedra da Audiência e a levámos para os jardins do Museu de Serralves, por exemplo, pondo no mesmo local uma mesa de granito novo, com uns banquinhos também em granito para os reformados jogarem às cartas?
Acham que estaríamos a preservar melhor o nosso património?!
 
Sinceramente NÃO CONCORDO. Acho que quem está a tentar fazer isto, está a ir por muito maus caminhos, com o beneplácito de alguns que muito acusaram outros de 17 anos de incompetência, mas que agora estão a parecer incapazes de saber assumir as suas responsabilidades.
 
Os livros precisam de tratamento, os livros precisam de ser devidamente catalogados, os livros devem poder ser consultados por historiadores e outros interessados no seu estudo, mas devem ser criadas as condições para que continuem em Avintes, como sempre estiveram até hoje.
 
Se estes mais de 700 livros saírem de Avintes, nunca mais cá voltam, como aconteceu há muitos anos com os livros do Julgado de Paz de Avintes (sec. XIX), que estão arquivadas na Junta de Freguesia de Oliveira do Douro!
 
Então para que servirá o futuro Centro Cultural do Palheirinho? Será mais uma promessa, só para avintense ver em campanha eleitoral?
 
Pela minha parte e dentro do que me for possível, tudo irei fazer para que este atentado ao património da Freguesia de Avintes, não seja possível e apelo aos avintenses que estejam atentos, é que o novo Executivo, só chegou à Junta de Freguesia de Avintes há menos de 1 mês!
 
Não vá por estes caminhos Dr. Nuno Oliveira!
Aconselhe-se antes tomar decisões desta importância!
Não seja um One Man Show!
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PS: houve muito mais informações e decisões na reunião pública de Junta, de algumas gostei, de outras nem tanto, mas estas duas que vos acabei de contar foram as mais significativas e elucidativas.
publicado por Cip Castro às 16:24 | comentar | favorito