Após ter passado mais de uma semana das eleições autárquicas, e antes de entrar em funções os eleitos para o novo mandato 2009-2013, gostaria de deixar aqui um comentário sobre os resultados eleitorais de Avintes.
Não será seguramente uma análise100% isenta, porque essa, creio eu, jamais será possível, a quem como eu se envolveu directamente nestas eleições, mas será a minha análise, que procurarei que seja sincera e objectiva.
Em democracia quem aceita candidatar-se, deve estar preparado para saber ganhar e saber perder, pelo que da minha parte aceitei, sem qualquer ressentimento ou frustração, os resultados do passado dia 11 de Outubro.
Evidentemente que pensava que seria possível, à lista do PS, vencer novamente as eleições em Avintes, tendo procurado ao longo das ultimas semanas, juntamente com os meus amigos e camaradas, convencer os eleitores de Avintes, de que poderiam continuar a acreditar na lista liderada pelo Mário Gomes e da qual eu fazia parte.
Tal não aconteceu e por conseguinte nos próximos 4 anos, serão os eleitos da coligação PSD/CDS a governar Avintes, dado que foi essa a vontade dos Avintenses, manifestada através de uma maioria absoluta.
Para mim são várias e diferentes os factores que levaram ao resultado eleitoral que se verificou, nuns casos por responsabilidade do Partido Socialista e outras por razões que lhe são alheios.
Comecemos pelos primeiros, em que considero, que o PS é directamente responsável:
1) O Partido Socialista apresentou uma lista com renovação de nomes e sobretudo das responsabilidades que lhes seriam atribuídas, tudo gente com experiência e provas dadas em diferentes áreas de actividade, mantendo o candidato a Presidente de Junta, aproveitando toda a sua experiência, adquirida nos mandatos anteriores.
No entanto, não fomos capazes durante a campanha eleitoral de explicar aos Avintenses que efectivamente o Executivo, caso o PS voltasse a ganhar, seria renovado para melhor funcionar.
Apresentamos o slogan Uma Equipa Renovada, o que era verdadeiro, mas em termos de mensagem visual (cartazes) continuamos a apresentar apenas na figura do candidato!
Falhamos na transmissão da mensagem.
2) O Partido Socialista e a Junta de Freguesia não foram capazes de explicar que efectivamente quem não realizou as obras em Avintes, ao longo dos últimos 3 anos, não foi a Junta de Freguesia, mas sim a Câmara Municipal.
As principais obras que faltam em Avintes, como o Pavilhão, a Piscina, a requalificação das ruas, por exemplo, são obras da responsabilidade da Câmara.
A Junta de Freguesia em virtude da falta de dinheiro com que se debatia, dado que a Câmara deixou de transferir para a Junta, ficou também limitada na sua capacidade de intervenção e não conseguiu por em pratica o seu plano de investimentos.
A maioria dos Avintenses entendeu penalizar e responsabilizar unicamente o PS e o Presidente de Junta pela falta de investimentos em Avintes.
3) A Junta de Freguesia não foi capaz de explicar que a deslocalização da Farmácia Saraiva ou a lentidão das obras na rua 5 de Outubro, não eram da sua responsabilidade. Mas a verdade é que os Avintenses responsabilizaram a Junta e o seu Presidente, por estes dois casos que muito prejudicaram as populações.
4) O Partido Socialista não foi capaz de explicar aos Avintenses que durante os últimos 4
anos, o Executivo era composto por uma coligação entre o PS e o PSD/CDS, e que o Vogal do Executivo, Dr. Nuno Oliveira, se alheou totalmente das suas funções e responsabilidades no Executivo.
5) A organização concelhia do PS, mas também ao nível da freguesia (na qual também estive envolvido e por conseguinte assumo a minha quota parte de responsabilidade), não foi capaz de perceber antecipadamente que a descriminação negativa por parte da Câmara Municipal à Freguesia de Avintes, desgastaram a imagem do Presidente Mário Gomes, não permitindo segurar o voto no PS para a Junta de Avintes, de muitos Avintenses que votam Menezes para a Câmara, como aconteceu em 2001 e 2005.
6) A estratégia concelhia do PS (na qual também estive envolvido e por conseguinte assumo a minha quota parte de responsabilidade) não conseguiu, pese embora o grande esforço realizado e o empenhamento dos principais dirigentes, mobilizar em torno do candidato a Presidente da Câmara (embora o Dr. Joaquim Couto tivesse sido de uma dedicação total) os eleitores gaienses para votarem nas listas do PS. Não se conseguindo esta mobilização ao nível concelhio, ficou cada freguesia, novamente exposta às suas fragilidades, a que Avintes, ao contrário de em eleições anteriores, desta vez não fugiu à regra, pelas razões atrás expostas.
Relativamente às causas que não eram “controláveis” pelo PS, destaco:
1) A lista do PSD/CDS conseguiu reunir à sua volta, principalmente elementos independentes, passando a mensagem que desta vez tinha pessoas capazes de assegurar a gestão do dia a dia da Junta, ultrapassando o facto da falta de tempo e de vocação do Dr. Nuno Oliveira, para o cargo de Presidente de Junta.
2) A Câmara Municipal deixou arrastar no tempo, com graves prejuízos para os Avintenses, as obras da Rua 5 de Outubro, deixando passar sempre a ideia de que quem era responsável pelo atraso era a Junta, quando a única verdadeira culpada era a Câmara Municipal e o Dr. Menezes.
3) A Câmara Municipal e o Dr. Menezes conseguiram passar a mensagem aos Avintenses, de que só fariam investimentos em Avintes, se o Presidente de Junta fosse o candidato do PSD/CDS, promovendo mesmo em cima das eleições, através da assinatura de protocolos mais ou menos “virtuais”, com a Paróquia de Avintes (que tiveram a bênção do Sr. Padre José Augusto) e com as Colectividades, protocolos negociados sempre pelo Dr. Nuno Oliveira e pelos elementos da lista do PSD/CDS.
4) Ao não haver nestas eleições em Avintes, candidaturas independentes, ou do Bloco de Esquerda, o voto anti-PS (excepto os sempre fieis da CDU) foi todo canalizado para a lista do PSD/CDS, originado a maior votação de sempre numa única lista, numas eleições para a Assembleia de Freguesia de Avintes.
O PSD/CDS ultrapassaram em 74 votos a melhor votação de sempre do PS, obtida em 1997.
5) A força eleitoral do Dr. Menezes que continua embativel e todo o empenhamento pessoal que desta vez, mais do que nunca, colocou nas eleições em Avintes.
Haverá, estou certo, mais razões, admito até que outros possam ignorar estas e apresentar outras, mas esta é a minha análise a posteriori, do resultado das eleições.
Para mim, com esta análise, dou por encerrado este capítulo das eleições.
Espero que esta nova etapa da vida autárquica avintense comece da melhor maneira possível, com uma tranquila passagem de testemunho, (espero que sem “caça às bruxas”) e que o novo Executivo entre o mais rapidamente em funções e a trabalhar.
Pela primeira vez, na vida autárquica avintense, vamos ter uma Junta de Freguesia de maioria absoluta e uma Câmara Municipal igualmente de maioria absoluta, pertencendo ao mesmo partido.
Até hoje isso nunca tinha acontecido em Avintes, pois nas duas únicas vezes que o PS esteve em maioria absoluta na Junta de Freguesia (1997- 2001 e 2002-2005), a Câmara Municipal era de maioria contrária (PSD/CDS), presidida pelo Dr. Filipe Menezes.
Nos restantes anos em que o PS ganhou as eleições para a Junta de Avintes, foi sempre em maioria relativa, sendo a Junta formada em coligação, algumas vezes mesmo com o PS a ter apenas o Presidente de Junta e os restantes 4 elementos pertencentes aos outros partidos, como aconteceu nas Presidências do Sr. Firmino Maia da Silva.
Por tudo isto, o Executivo não tem razões nem entraves, para não implantar os seus 15 compromissos para os primeiros 90 dias e o seu programa para os próximos 4 anos.
Desejo aos novos membros da Junta, tudo o que eles seguramente me desejariam, se o PS tivesse ganho as eleições!
Bom trabalho!